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CAMPO & CIDADE

CAMPO & CIDADE

  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

VERDE QUE TE QUERO VERDE - Onévio Zabot

Tempos de eleição, tempos de criatividade à solta. De muito verbo. Momento adequado, portanto, para passar a limpo a cidade. E propostas não faltam, haja vista o leque partidário. Alojados em trincheiras os candidatos acionam a artilharia. Via de regra, saúde, educação, segurança pública e infraestrutura dominam as plataformas de campanha. E bandeiras como agricultura e abastecimento ficam relegadas, assim como arborização urbana e espaços de lazer. Obviamente, o tempo limitado impede análises mais abrangentes. 

Mas, cabe uma consideração: as propostas devem ser apresentadas antecipadamente pelos candidatos ou construídas durante a campanha? Uma boa pergunta para uma resposta complicada.

Em Santa Catarina, no início da década de 1960 ocorreu um fato inédito. Celso Ramos que então presidia a Federação das Indústrias no Estado (FIESC), promove seminários regionais, e com isso, identifica pontos de estrangulamentos. Capta os anseios da sociedade. Propostas. Ato contínuo, candidata-se ao governo e, uma vez eleito, forma uma equipe competente capitaneada pelo economista Alcides Abreu e Engenheiro Agrônomo Glauco Olinger. Estabelece o Plano de Metas Governamentais (PLAMEG). Na Educação cria a UDESC e na área de Crédito, o BESC, entre outras medidas. Ou seja, o governo atuou através de um programa orbitado por projetos específicos. Um pouco da escola de Juscelino Kubistchek - Plano de Metas (cinquenta em cinco anos).

Luiz Henrique costumava afirmar que governar não é apenas definir prioridades, mas, sobretudo posteridades. A visão de investir em cultura, caso da Escola de Ballet Bolshoi é representativa deste proceder. Percebe que a cidade tem que dar uma guinada rumo a um novo ciclo de desenvolvimento. É óbvio que os recursos são escassos e as demandas bem mais amplas; daí o desafio de fazer boas escolhas. Escolhas que se não forem feitas de comum acordo com a comunidade, geram mais calor do que luz.


Celso Ramos

Neste sentido o setor agrícola e de abastecimento, e a arborização urbana, via de regra passam ao largo. O mesmo ocorre com praças e espaços de lazer. E, cá entre nós, nem é uma questão de recursos, pois envolve diretamente a iniciativa privada. Cabe ao poder público sinalizar. Incentivar. Uma CEASA operando a plena carga e feiras livres, certamente, contribuem para expandir e consolidar o cinturão verde, e assegurar o abastecimento urbano com qualidade. 

Quanto à arborização urbana, tudo começa com Horto Municipal e campanhas envolvendo a comunidade para expandir áreas verdes. O envolvimento da rede escolar com boas práticas de plantio e manejo arbóreo, certamente, é uma alavanca essencial. Com criatividade e muitas mãos tudo fica mais fácil. 

Nossas cidades, gradativamente, vêm se transformando em "ilhas de calor", fato que compromete a saudabilidade das pessoas. Para evitarmos isso precisamos de mais verde, mais permeabilidade. E tudo começa com um plano de arborização, não apenas dos espaços públicos, mas também dos ambientes privados.


Planejar, implantar e manter o verde, eis um desafio permanente. Tudo começa com uma boa equipe, um plano de ação, e pelo horto como ponto de referência. Em Joinville já tivemos dois hortos municipais: um no Mirante - atual Parque Zoobotânico e outro no Vila Nova. 

A Associação dos Engenheiros Agrônomo da Babitonga vem batalhado para arborizar a rua dos Agrônomos. Tarefa nada fácil, haja vista a falta de um horto devidamente estruturado e uma equipe robusta capaz de dar suporte às ações planejadas, implementando-as em tempo hábil. Afinal qualidade, entre outros predicados, significa estabelecer, manter e melhorar padrões. "Verde que te quero verde", versos de García Lorca. Cidades verdes, certamente, são mais agradáveis para se viver, e a natureza, rejuvenescida, agradece. 

Joinville, 31 de outubro de 2020




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